quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dá Que Pensar...


Uma Pescaria Inesquecível



Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava bem no meio de um lago. A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram ao fim da tarde para apanhar apenas peixes cuja captura estava permitida.
O menino arranjou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas tornavam-se prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o cana vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém a sua pesca só era permitida dentro da temporada.
O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Eram dez da noite, faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
- Você tem que devolvê-lo, filho!
- Mas, pai - reclamou o menino.
- Vai aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão grande quanto este - choramingou a criança.
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza na sua voz, que a decisão era inegociável.
Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e devolveu-o à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. E, naquele momento, o menino teve a certeza de que jamais veria um peixe tão grande quanto aquele.
Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha bem no meio do lago, e ele leva os seus filhos para pescar no mesmo cais. A sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, vê sempre o mesmo peixe repetidamente todas as vezes que depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo e errado.
Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.
A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém nos está vendo.
Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu a devolver o peixe à água.

A história valoriza não como se consegue ludibriar as regras, mas como, dentro delas, é possível fazer a coisa certa.
A boa educação é como uma moeda de ouro: TEM VALOR EM TODO O LADO.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Esteja à vontade para deixar o seu comentário