Maria João Bastos
Maria João David da Silva Bastos é uma atriz portuguesa, já com 16 anos de carreira.
Nasceu em Benavente, a 18 de Junho de 1975. É licenciada em Ciências da Comunicação.
Fez várias produções brasileiras, tornando-se uma actriz conhecida no Brasil. Assinou em 2007, um contrato de exclusividade com a estação de televisão portuguesa, TVI. É embaixadora da marca de automóveis Jaguar, e representante da marca italiana "Furla", em Portugal.
Quando as gravações de ‘Equador’ chegaram ao fim, a actriz viajou para Madrid, Espanha, onde fez um curso no famoso Estúdio Corazza. Durante dois meses, juntou-se a outros actores profissionais oriundos de vários cantos do Mundo e treinou o seu mais precioso “instrumento de trabalho”: o corpo, a mente, as emoções. Agora volta ‘renovada’ ao mundo da ficção e às gravações de ‘Flor do Mar’, na TVI, no papel de Gabriela, uma mulher do povo humilde, morena, sensual, que vive rodeada de flores.
Que representou na sua carreira ter feito a série da TVI ‘Equador’?
‘Equador’ foi um projecto muito marcante na minha carreira profissional. Tenho muito orgulho em participar numa produção que, seguramente, será um marco na ficção portuguesa.
A Ann Rhys-More teve a densidade dramática que aprecia numa personagem?
A Ann é uma personagem muito complexa para uma actriz desenvolver e trabalhar, foi um grande desafio. Foi uma personagem que me marcou, que me deu um imenso prazer e que, acima de tudo, me ensinou muito e me fez crescer enquanto actriz.
Foi difícil falar português com um forte sotaque inglês?
Não é fácil fazer uma personagem com sotaque, é necessário muito trabalho para que se crie uma forma de falar que seja natural para nós e para o público. Não se pode estar a representar e a pensar no sotaque ao mesmo tempo. Para isso é preciso muito treino para no momento de gravar estarmos seguros e tudo sair naturalmente.
Se a camaradagem com Marco d’Almeida pode ter facilitado as cenas mais íntimas, como foi com Filipe Duarte? Já tinha contracenado com este actor?
Foi a primeira vez que trabalhei com o Filipe e gostei muito, é um actor muito preparado e intenso. É muito bom quando trabalhamos com bons profissionais, e nesse aspecto tive muita sorte em ‘Equador’. Quer o Filipe Duarte, quer o Marco d’Almeida são excelentes actores, o que torna tudo muito mais interessante e desafiante.
Qual era a motivação de Ann, que a leva a trair o marido e o amante com um terceiro homem? O sexo?
A Ann já está criada e o meu trabalho feito, agora cabe ao público interpretar quem é esta mulher e por que conduziu as coisas da forma como as conduziu. Não quero induzir o público a interpretações que fizeram parte do meu processo de construção.
Que pensou do guarda-roupa de Ann?
Gostei bastante. Julgo que, de uma maneira geral, o guarda-roupa de todas as personagens está muito bem conseguido. Pessoalmente, é uma época [começo do século XX] que me atrai a esse nível, tudo é muito requintado e bonito.
Aos domingos, acompanha a série ‘Equador’ pela TVI?
Nos dois últimos meses tive de recorrer ao YouTube para ver ‘Equador’ pois encontrava-me a viver em Madrid. Agora vou, certamente, estar colada à televisão todos os domingos. Não perco a série, não só por uma questão profissional mas também porque a considero uma excelente série.
Depois de ‘Equador’, viajou para Madrid para fazer um curso. Que tipo de formação recebeu?
Estive dois meses no Estúdio Corazza a fazer um trabalho de treino para actores profissionais. Foi muito importante. Era algo que queria mesmo fazer. Sentia uma forte necessidade de parar um pouco e de ter tempo para ouvir e estimular o meu ‘instrumento de trabalho’. Foi isso que procurei com esta experiência e correu muito bem. Acho importante treinarmos os nossos processos criativos. Aprofundarmo-nos e renovarmo-nos.
Não foi um curso de interpretação?
Foi um treino para actores profissionais, não é propriamente uma formação. Através de vários exercícios, treinámos as nossas flexibilidades, o nosso processo criativo. É preciso parar para ouvir o nosso corpo, a nossa mente, as nossas emoções, avaliar em que estado estão e exercitá-las. O corpo, que é o meu instrumento de trabalho, precisa de ser afinado. Só assim nos renovamos.
É um curso para repetir?
Espero poder repetir esta experiência muitas vezes ao longo da minha vida. O curso excedeu as minhas expectativas. A escola foi, verdadeiramente, uma experiência fantástica, ainda que não tenha sido muito diferente do que fiz em Nova Iorque.
Que pode adiantar sobre o papel de Gabriela que vai fazer na telenovela ‘Flor do Mar’?
A Gabriela trabalha numa plantação de flores. Nunca fiz nada parecido com o trabalho que vou fazer nesta personagem. Neste sentido, vai ser um desafio para mim. É isto que me move, fazer trabalhos diferentes para apresentar ao público. Foi este factor que me levou a aceitar a proposta de trabalho.
Dá uma espreitadela às telenovelas brasileiras da Globo? Que opinião tem sobre elas? Não considera que, neste momento, a ficção da Globo estagnou e precisa de ser renovada?
Confesso que não tenho o hábito de ver as novelas brasileiras, por isso, neste momento, não tenho conhecimento para avaliar como está a ficção no Brasil. Mas a Globo é uma grande produtora que sempre fez bons produtos e, decerto, continuará a fazer.
Em Portugal continua a investir-se, de facto, pouco no trabalho de preparação das personagens?
Penso que também isso está em mudança na ficção em Portugal. Mas implementar isso também faz parte dos actores. A preparação é um trabalho importantíssimo e sem o qual, a meu ver, um actor não pode desenvolver um bom trabalho. Para mim, é fundamental, e não consigo trabalhar de outra maneira. É muito importante que haja um apoio e uma estrutura disponível que proporcione aos actores as condições necessárias para desenvolver determinada personagem. Em ‘Equador’, por exemplo, tivemos um grande apoio da produção, que nos proporcionou uma estrutura para prepararmos as nossas personagens. Todavia, sinceramente, penso que também deve partir dos actores uma mobilização para que cada vez mais essa estrutura seja vista como uma ferramenta essencial.
Na ficção nacional, há improviso e liberdade de interpretação q.b?
Existe um trabalho feito pelos autores, que deve ser respeitado, mas há alguma flexibilidade para adaptarmos esse guião ao nosso trabalho. Uma vez que tenhamos um grande conhecimento da personagem e uma grande segurança nas nossas propostas, acredito que as sugestões de um actor são, na maioria das vezes, uma mais-valia para a história e desenvolvimento da personagem.
Sendo uma figura pública, que defesa arranjou para passar incólume aos boatos e mexericos sobre a sua vida privada?
Concentro-me naquilo que realmente considero importante, que é o meu trabalho, e tento não dar qualquer importância a esses boatos.
É espectadora de televisão? Que vê? Há alguma série da qual seja fã?
Gosto muito de ver programas como ‘60 Minutos’ e ‘Toda a Verdade’. Também gosto de ver a Oprah, considero-a uma grande profissional e um ser humano fantástico.
Pratica alguma actividade física com regularidade?
Gosto de praticar ioga e pilates.
Um estilo de música...
Soul
Um cantor...
Rodrigo Leão
Uma cantora
Sade, Amy Winehouse
Um livro
Um, não, dois. "Como Água para Chocolate", de Laura Esquível e "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago
Um filme
"O Amante", de Jean-Jacques Annaud
Um Ator
Três. Robert de Niro, Al Pacino e Johnny Depp. É dificil escolher...
Uma Atriz
Cate Blanchett
Um Poeta
Ruy Belo. E um outro novo que muito em breve começará a dar nas vistas... (risos)
Um Poema
"Muriel", de Ruy Belo