
Onde estás? Onde...?
Onde estás? Onde?
Não te encontro nos passos que arrasto por ai... sem te ver, sem te ter, sem te tocar ou sentir.
E como eu te queria sentir novamente...
Rasgar gestos de loucura
por entre os dedos dormentes
e tocar-te só mais uma vez,
só mais uma...
Não quero o deslizar inóspito
destas mãos que derivam sem porto.
Quero-te apenas a ti sob elas.
Será que me vês perdido por ai?
Se sim, porquê te escondes?
Porque me enganas com os suspiros
que sinto ao meu redor,
a roçar em mim,
tal como o vento que teima em bater
no vidro de uma janela fechada?
Ouves-me quando te chamo?
São tantos os momentos
em que o meu silencio grita por ti,
mas são ainda mais as vezes
em que tudo me parece mudo...
e é tão difícil ouvir
o eco do silencio da tua voz
a bater e bater constantemente
dentro de um turbilhão de sons utópicos
que se confundem e misturam
com a realidade passada da tua melodia.
São questões fúteis que tomam conta de mim no dia a dia?
Não é a futilidade o que me domina, é a saudade.
Sim, porque te surpreendes com o que te digo?
É saudade de ti...
saudade das tuas palavras reconfortantes que me dizias...
saudade do teu colo que me embalou nas noites demais...
saudade do teu aconchego que me tomava nos braços
e me fazia sentir protegido das atrocidades da vida...
saudade do abraço que me beijava
e me dava a verdadeira noção de mundo perfeito.
E tudo isto para quê? Por quê?
Não sei.
Nada mais te trará de volta a mim,
ao meu sorriso perdido...
não adianta gritar,
espernear,
protestar contra as forças naturais do mundo...
nada...
a inutilidade dos meus esforços
é tão inútil como a tentativa falhada que um dia fiz.
Apenas quero que tenhas presente a minha presença,
onde quer que estejas,
onde quer que a imortalidade do tempo te guarde...
pois eu sei que o meu tempo
é feito pela presença do teu,
do meu,
do nosso tempo
construído por entre muralhas de pedra
que o tempo nunca derrubará.
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